“Quando cheguei em casa e contei para minha mãe o que tinha acontecido, ela se chateou. Eles (os veteranos) ameaçaram que seria pior para quem não pagasse. Eu não gostei, agiram com uma agressividade desnecessária. Eu não queria participar, só isso”, afirmou a estudante, que pagou R$10 para que o trote fosse mais “leve”. A mãe dela, que pediu anonimato, lembrou: “Ela chegou em casa diferente. Normalmente é brincalhona e alegre, mas nesse dia chegou constrangida”.Unir estudantes por corda é atividade corriqueira nos trotes
O clima aparente de brincadeira e descontração entre os estudantes esconde relatos de abusos. Chicotadas, quedas (em fugas alucinadas), agressões e torturas psicológicas levaram a Reitoria a editar, em julho de 2008, um ato que orienta os seguranças dos campi a intervir dentro dos muros da instituição em casos de ação violenta dos alunos veteranos ou quando o calouro não queira participar.
APREENSÃO
Apesar das resoluções, muitos pais ainda se sentem inseguros.“Não se deve esperar até que a primeira tragédia aconteça, como tantas que já aconteceram em São Paulo e uma agressão com sequelas em Cruz das Almas”, desabafou um advogado, cujo filho é aluno da instituição.
Para o professor Georgeocohama Archanjo, o trote, além de uma agressão para o calouro, é um transtorno para a faculdade, com suspensão das aulas. As atividades acadêmicas param e os estudantes ficam nos pátios da faculdade assistindo à sessão de “barbárie”, como classificou o docente. “Todo semestre tem esse primitivismo, as salas e os corredores são sujos pela tinta usada para pintar os corpos”.
Homens tiram a camisa e passam por atividades constrangedoras
Segundo o formandoTarcitoVivas, 23, na semana do trote do segundo semestre, alguns alunos que não quiseram participar foram “salvos” por seguranças do campus. Marcos*, outro calouro de Direito, discordou. “Não foi isso que vi. Só escapei porque corri. Eles só liberaram um aluno que era policial”. (* nomes foram alterados para preservar os estudantes)
Reitor afirma que tenta reprimir ritual O reitor da Universidade Católica do Salvador (Ucsal), José Carlos Almeida da Silva, pediu desculpas aos pais e alunos vítimas do trote.“Embora a universidade não tenha culpa, estamos punindo e suspendendo em15 dias os alunos que fazem o trote. Nós não somos condescendentes”, afirmou o reitor, que não soube precisar o número de alunos suspensos em razão dos trotes. Mas ressaltou: “Não são muitos”.Ele citou o ato nº 278, de 29 de julho de 2008, editado pela Ucsal, como uma das medidas de ação para evitar a prática.O artigo 3º do ato diz que é competência dos funcionários do núcleo da segurança “intervir em situações de conflito entre membros da comunidade e na realização de trotes que ponham em risco a integridade física das pessoas”.
Seringa é usada para obrigar estudantes a ingerir bebida
Antes do início das aulas, o reitor afirmou ter tido duas reuniões com os coordenadores de curso e chefes de sugurança. “Também orientei ao núcleo de comunicação que pesquise no Orkut, seja para antecipar as ações ou identificar excesso. Peço também aos pais e alunos que denunciem, de forma anônima, para as apurações e punições”.
Morder cebola é uma das ações 'lúdicas' do trote
Alunos se mobilizam pelo Orkut
Os alunos da Ucsal organizam os trotes pela internet. Em pelo menos dois perfis no orkut, a reportagem encontrou um grupo de aproximadamente 40 pessoas. Organizado como uma irmandade, o grupo tem secretários e ministros, responsáveis pelo planejamento e pela execução do trote. O reitor José Carlos Almeida garante que o grupo que organiza os trotes está sendo monitorado.
Nos fóruns, são discutidas as “ações” do trote. “Hoje tinha um calouro dizendo que achava um absurdo colocar ovo nas calças do meninos e depois apertar”, relata um membro da comissão. As fotos também são compartilhadas pela internet.
Nicolás Baldomá, 22, é um dos veteranos que defendem o trote. No dele, quando ainda era menor de idade, foi parar em um hospital, em estado de coma alcoólico. “Meu trote foi maravilhoso. Conheço até hoje as pessoas que me deram”, contou Nicolás, que se diz contra excessos como uso de pomada anestésica nos lábios dos calouros.
Esperamos que coisas idiotas como essas nunca mais volte a acontecer na Ucsal,faculdade é lugar para estudar .Porque não fazemos um trote solidário com prestações de serviços grátis para a população das redondezas da Faculdade de Direito da Ucsal?Seriá muito mais inteligente e útil para os nossos vizinhos . Beijos para todos e pensem nisso colegas!
ResponderExcluirEste negócio de trote na Ucsal ou em qualquer lugar é uma babaquice sem limites!
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